A região norte do país é uma nobre desconhecida do restante do país. De lá sabemos que vieram algumas das figuras mais tradicionais e controversas da nossa política, o açaí e que temos uma floresta que é objeto de desejo de todo o mundo. E o que mais? Dos estados da região norte, já falamos sobre o Tocantins, que nos parece mais relacionado com o centro-oeste, até mesmo por sua história, cultura e características geográficas. Hoje, no entanto, iremos falar sobre Roraima, o estado menos populoso do país, com o menor PIB estadual e com a capital mais distante de Brasília. Ao contrário do que eu um dia pensei, Roraima serve para outras coisas além de me fazer confundir qual estado representa a sigla RO na aula de geografia.
Quando se fala da economia de Roraima, uma das primeiras coisas que nos vem à cabeça é o PIB, que com R$ 9.027 bilhões, representa menos de 0,5% do PIB nacional. É importante ressaltar, entretanto, que o estado teve o maior crescimento econômico da região norte e o governo estadual vem buscando arduamente melhorar esses números.
Até a promulgação da Constituição de 1988, Roraima era um território da União denominado Rio Branco. Até então, principalmente graças a uma ideologia montada no governo militar, o objetivo por trás dos territórios era ocupar regiões não habitadas, garantindo a soberania nacional. Como a região não era muito atrativa para imigrantes, o governo fez grandes pacotes que iam desde passagens e hospedagem a terras e insumos para o plantio.
O desenvolvimento da região esbarra em muitas variáveis e que afetam a economia do Brasil como um todo. Mais de 70% do território do estado é considerado área de proteção ambiental ou indígena e a exploração econômica dessas áreas obedecem à legislação específica. Outro grave problema é a distribuição de energia elétrica irregular, o que é um verdadeiro gargalo na expansão comercial do estado. É bom lembrar que o Brasil só conseguiu se industrializar, de fato, a partir de 1995, quando o governo federal começou a privatizar as transmissoras de energia elétrica.

As peculiaridades da economia de Roraima
A economia do estado é fortemente apoiada em serviços, especialmente o turismo. A grande estrela desse segmento é o Monte Roraima que atrai turistas do mundo todo e é reconhecido na comunidade científica como local de proteção especial, tendo em vista que novas espécies são encontradas todos os anos. O Monte tem uma forte mística, os índios acreditam que o monte é sagrado e que suas águas ajudam a encher o Rio Amazonas e Sir Artur Conan Doyle (sim, o “pai” de Sherlock Holmes) escreveu uma história fascinante inspirada na região. Ficaram curiosos? Leiam O Mundo Perdido.
O setor primário vem apresentando grande crescimento, com exportação expressiva de madeira, couro e água mineral. A agricultura tem sido muito prejudicada com a inconstância na transmissão de energia elétrica o que dificulta utilização de técnicas mais modernas de irrigação e cultivo, além de colocar obstáculos na logística de escoamento. Apenas a título de curiosidade, hoje a irrigação de 1 hectare de soja custa R$ 2 mil apenas em combustível – se contar manutenção das máquinas o custo aumenta. Caso a energia elétrica fosse constante, o custo com irrigação poderia baixar para R$ 450 por hectare.
Pouco industrializado, Roraima se dedica principalmente à produção de refrigerantes. O extrativismo mineral já não é mais a principal atividade no setor secundário, especialmente depois da demarcação da reserva Yanomami, o que criou outro problema: a extração ilegal de ouro e pedras preciosas. A Polícia Federal estima que essa operação movimentou cerca de R$ 1 bi entre 2013 e 2014.
Escrever essa série tem sido um maravilhoso exercício. Confesso que conhecia pouco sobre alguns estados do que já falei e Roraima foi realmente uma surpresa. Um dos símbolos do estado são os cavalos selvagens, os últimos do Brasil, alguns nascem e crescem sem nenhum contato com os humanos e são conhecidos por sua resistência, inteligência e capacidade de se adaptar e extrair o melhor, mesmo na adversidade. Acredito que é um belo exemplo de como são é o estado de Roraima: pouco conhecido da maioria, mas que desperta fascinação quando conhecemos um pouco mais, e é assim que você deve se sentir ao saber um pouco mais sobre a economia de Roraima:
Este texto do faz parte de uma série semanal sobre a economia de cada um dos estados de nossa federação: o que produzem, quanto produzem e como funciona o dindin em todos os cantinhos do nosso Brasil. A cada texto publicado, atualizaremos este post e colocaremos o link para o conteúdo aqui.
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O Econoleigo é um site sem “economês”, para aqueles que não conhecem essa língua. É por mim, Rodrigo Teixeira, alguém até então pouco interessado em números, mas agora fascinado em transformar economia em algo que até eu mesmo consiga compreender.