Dizem que quem conhece Minas Gerais não a esquece jamais. De fato é difícil esquecer o frango com quiabo, os doces caseiros, o queijo da Canastra, o tutu de feijão, o café com pão de queijo. Parece que em Minas só tem comida, mas não. O Rio São Francisco nasceu ali, a música caipira, grandes escritores, poetas, músicos, além de um dos mais importantes movimentos de independência que o Brasil já viu: a Inconfidência Mineira. A parte gastronômica e cultural do estado todos conhecem, então vamos falar um pouco sobre o que nos interessa aqui, a economia de Minas Gerais.
Entendendo a economia de Minas Gerais
Quarto maior estado em área territorial e segundo em habitantes, Minas Gerais possui o terceiro maior produto interno bruto no Brasil. O setor de serviços é o principal motor econômico do estado, com 59,7% de participação no PIB estadual, seguido por indústria, com 31,9%, e agropecuária, com 8,4%.
A cultura, história, gastronomia e belezas naturais o tornam o um importante destino turístico no país. A história rica das Minas Gerais, detentora de boa parte do patrimônio histórico brasileiro, especialmente com construções bem conservadas do período barroco do Brasil colonial, faz com que o estado receba milhões de visitantes. Entre 2010 e 2013, a participação do turismo no PIB de Minas Gerais ficou em torno, em média, de 1,6%, algo em torno de R$ 7 bilhões. Um ponto que chama a atenção, entretanto, é a participação do setor público, que com impressionantes 13,7% supera até mesmo o comércio como gerador de riquezas.
O estado tem esse nome devido à quantidade de minas encontradas em seu território, então não é de se espantar a representatividade da extração de minerais, respondendo por mais de 40% da produção mineral nacional. Responsável pela corrida do ouro que desbravou o Brasil no século XVII, Minas Gerais possui enormes reservas de minério de ferro, bauxita, ouro níquel, mas sem dúvida a mais controversa é a reserva de nióbio. Conhecido por ser o elemento químico 41, o nióbio é cobiçado por ser utilizado em aços e ligas metálicas de grande rigidez e dureza, essenciais para capsulas espaciais, mísseis, foguetes e reatores nucleares. Apesar de ser o 33º mineral mais abundante do planeta, não é fácil encontrar depósitos cuja extração seja economicamente viável.

Nos anos 1950 foram encontradas as primeiras minas na região de Araxá, e meio século depois, elas ainda são a maior reserva do mundo. Não precisa dizer que nossas reservas são cobiçadas por outros países, prova disso é quando, em 2010, o Wikileaks vazou um documento que afirmava que, as reservas de nióbio brasileiras são consideradas um recurso estratégico para o governo americano. Entre os especialistas desta questão as opiniões varia. Uns afirmam que a exploração do nióbio seria capaz de lastrear a economia do Brasil por muitos anos, e outros acreditam que a falta de uma política de industrialização consistente é a culpada pelo baixo valor de mercado.
O que sabemos de fato sobre a importância econômica desse minério, que pode ser utilizado desde a confecção de joias à produção de motores de avião, jatos propulsores de foguetes e materiais supercondutores, como por exemplo ligas utilizadas nos imãs das máquinas de ressonância magnética, é que a maior exploradora do Brasil, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, vendeu 30% dos seus ativos a investidores chineses, japoneses e sul-coreanos pela bagatela de US$ 4 bi. Imaginem a quantidade de empregos, negócios e renda que a boa gestão desses recursos pode gerar?
Não se pode falar de Minas Gerais sem abordar o pão de queijo, pequeno item da gastronomia mineira e brasileira que, pela sua importância, deveria ser considerado patrimônio nacional. Item obrigatório no cardápio de qualquer lanchonete ou padaria país afora, o pão de queijo é o novo queridinho no mundo do empreendedorismo, como aponta esta reportagem da Exame. Conhecido pelos turistas internacionais durante a Copa do Mundo, o pão de queijo começou a ser exportado para os Estados Unidos e Peru este ano.

Nem tudo é as sete maravilhas, infelizmente, e a política brasileira sempre colabora para prejudicar o desenvolvimento da nação. No caso de Minas Gerais, um estado de riquezas incalculáveis, o governo contingencia o orçamento, parcela o salário dos servidores ao mesmo tempo em que gasta quase R$1 milhão em jantares e aumenta o salário de secretários. Tudo isso é feito por um governador que, enroladíssimo em denúncias graves de corrupção, só não foi afastado do poder pela famosa preguiça da justiça.
Resumindo: Minas Gerais é responsável por muita coisa além do Skank, pão de queijo e do queijo fresco, e é assim que deve se sentir ao saber que a terra do Tiradentes teve um papel fundamental na Guerra Fria e na chegada do homem ao espaço:
Este texto do faz parte de uma série semanal sobre a economia de cada um dos estados de nossa federação: o que produzem, quanto produzem e como funciona o dindin em todos os cantinhos do nosso Brasil. A cada texto publicado, atualizaremos este post e colocaremos o link para o conteúdo aqui.
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O Econoleigo é um site sem “economês”, para aqueles que não conhecem essa língua. É por mim, Rodrigo Teixeira, alguém até então pouco interessado em números, mas agora fascinado em transformar economia em algo que até eu mesmo consiga compreender.