
Lembro como se fosse hoje. Publiquei o seguinte texto aqui no Econoleigo: Governo Temer vence inflação e recessão, e tira o Brasil da crise. No dia seguinte à publicação, Joesley Batista, da JBS, divulga áudio que implica Michel Temer e quase derruba o governo. O tempo passou, Temer não caiu, Joesley Batista foi preso e a gravação foi comprovada como adulterada. O Brasil seguiu em frente, apesar de tudo e todos. Resultado? A crise foi embora, mas a imprensa brasileira parece ignorar esse fato ou, o pior dos casos, os responsáveis por isso.
O fim da crise econômica brasileira
A depender do jornal ou da informação que você consome, provavelmente dois tipos de notícia chegam até você. Se você é progressista e acompanha sites como Carta Capital, Folha de São Paulo e as redes sociais dos políticos que deixaram o Brasil na situação de hoje, você certamente lerá que o Brasil vive uma severa depressão, milhões de desempregados vagam as ruas do país e que estamos a um passo de virar uma Venezuela.
Por outro lado, caso leia jornais como Estadão, O Globo e outros portais ditos conservadores, certamente você leu algumas notícias positivas sobre a economia, mas que o Brasil continua em crise, assolado pela recessão.
Será mesmo?
Vamos analisar alguns indicadores.
PIB do Brasil em 2017
Segundo governo federal, a economia do Brasil deve crescer 1,1% em 2017. Especialistas do mercado apostam no crescimento de 0,9%. É pouco? Sem sombra de dúvidas, mas é importante observar a imagem acima. O número de 2017 ainda está desatualizado, mas perceba que embora 1,1% seja pouco, é um número altíssimo se considerarmos a queda expressiva dos dois últimos anos. Se compararmos apenas a variação do terceiro trimestre de 2016 com o terceiro trimestre de 2017, o PIB cresceu 1,4%. A economia está esquentando rapidamente.
O governo projeta crescimento de 3% em 2018. Um número excelente, devido às circunstâncias.
Produção industrial
O gráfico acima exemplifica a produção industrial do Brasil nos últimos 9 anos. O eixo do gráfico é a variação da produção em relação ao ano anterior. Como pode ser visto de forma clara, a produção vem em queda sistemática desde 2012. Quem acompanha política lembra que, durante a eleição de 2014, a oposição e economistas afirmavam que o Brasil estava para entrar em uma recessão e crise severa. O governo Dilma negou. Teve até o caso de uma analista do Santander que informou investidores que, caso Dilma fosse reeleita, o Brasil quebraria. O governo fez força e a analista foi demitida. O que aconteceu? Dilma foi reeleita e, vejam só, o Brasil quebrou.
Por que a produção industrial é um indicador importante? Simples. A industria, principalmente a automotiva, são a força motriz das finanças de um país com economia diversificada. A produção das fábricas em alta aponta, de forma clara, que o comércio está comprando porque a população consome. Ou seja, se a produção industrial aumentou entre 2016 e 2017 é porque o brasileiro voltou a comprar. E o brasileiro voltou a comprar porque tem dinheiro, tem poder de compra.
No início do governo Temer, em maio de 2016, a variação acumulada da produção de veículos entre janeiro e maio era de -24,3%, ou seja, uma queda de quase um quarto da produção. O acumulado de janeiro a novembro deste ano é de +27,1%.
Alguns indicadores desse “fenômeno”:
Produção de veículos sobe 27,1% no ano até novembro, diz Anfavea
Volks vê retomada de demanda por caminhões e suspende férias …
Mercedes-Benz do Brasil melhora previsão para mercado de …
Desemprego no Brasil
A taxa de população desocupada, ou desempregada, é um dos principais indicadores econômicos de um país. Desemprego em alta significa que há pouco poder de compra, o que tem impacto na industria e também na construção civil, além do setor de serviços. O desemprego atual é alto? O número atual é de 12,2%, o que é inegavelmente alto.
O que pouco se fala é que, se for feita uma analise de conjuntura, ou seja, de tendência, a taxa de desemprego de 12,2% é uma boa notícia. Na economia costuma-se dizer que o emprego é o primeiro a sofrer em uma crise, e o último a recuperar quando se sai dela. Isso acontece porque o empresário tem custo para demitir, e só refaz a contratação quando tem certeza que não haverá dispensa do novo funcionário. Além disso, a análise mensal mostra que estamos na primeira trajetória consistente de queda desde o início da crise, em novembro de 2014, com a reeleição da presidente Dilma.
Outro fator importante é a geração de novos empregos. Quando isso acontece é porque os empresários não estão só repondo as vagas em aberto, a demissão rotativa, mas também contratando novos funcionários. É um sinal importante que a economia está em franca recuperação.
O saldo de postos de trabalho entre janeiro de maio de 2016 foi de – 448 mil, ou seja, quase meio milhões de vagas fechadas. Como você leu acima, uma vaga fechada é muito pior do que uma demissão, já que esse emprego não é reposto. O saldo de postos de trabalho entre janeiro e novembro de 2017 foi de + 302 mil.
Caged mostra abertura de 1600 novas vagas de emprego no Piauí …
Ceará tem quinto mês consecutivo de alta na geração de empregos
Resultado de vagas criadas em outubro é o melhor desde 2013
Inflação
Desnecessário explicar o que é inflação. Se você não sabe, leia este texto aqui. O Brasil atualmente tem a taxa inflacionária mais baixa dos últimos 20 anos. Reparem na escalada da inflação desde 2010, quando a presidente Dilma e a Doutrina Keynes de gastar muito para o país crescer entraram em prática. Não obstante o recorde de baixa inflação, tivemos também uma queda monstruosa de 9,28% para 4,08% (em abril). Não é preciso dizer muito mais. Ah, precisa sim. A taxa de inflação em novembro deste ano era de 2,80%.
Enquanto isso a imprensa…
Então vamos lá. Desemprego caiu, inflação caiu, PIB subiu, produção industrial subiu, dólar baixou. Isso para não falar na taxa Selic, que deve chegar a meros 7% em 2018, e no fim da cobrança do juros rotativo do cartão de crédito, que virou lei. A análise completa mostra que sim, conforme eu escrevi em maio deste ano, Michel Temer e o governo atual tiraram o Brasil da crise. O país está em crescimento? Não. Mas também não está mais em crise. Para a imprensa, todos esses são fatos isolados, que provavelmente aconteceram por acaso. É uma extrema má vontade editorial. A economia de um país só melhora graças a dois fatores primários:
- Conjuntura internacional: Economia do mundo está em polvorosa, o que leva o país na rabeira. Foi a famosa época do Brasil entre 2003 e 2008, quando tivemos o chamado céu de brigadeiro.
- Ação governamental: Fernando Henrique em 1994, Roosevelt entre 1935 e 1944, Tatcher na Inglaterra nas décadas de 70 e 80. São exemplos de governos que empreenderam mudanças e políticas claras, com foco na recuperação econômica de uma nação.
Sendo assim, em um mundo assolado pela crise econômica (vide Estados Unidos, cuja crise econômica possibilitou a eleição de Trump, Grécia, Japão e América Latina), o único fator restante é o governo. Falemos o que quisermos de Temer. Eu não gosto da grande maioria do quadro ministerial, dos acordos políticos na Câmara e Senado e também dos figurões envolvidos com a Lava-Jato. Tudo isso é ruim. O que não podemos negar, entretanto, a disposição do presidente Temer em empunhar, sozinho, as reforças da previdência, a PEC do Gasto e uma série de outros temas de austeridade, além de dar autonomia completa para a equipe de Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda.
Ou o Brasil saiu da crise graças ao trabalho do governo atual, principalmente do presidente e do ministro da fazenda, ou então tudo isso é obra do Saci e do alinhamento de Júpiter com Mercúrio.
Quanto às reformas e ao mimimi de parte da imprensa e dos eleitores torcedores organizados, fica um recado: qualquer político incompetente consegue tomar decisões fáceis, o difícil é encontrar pessoas públicas dispostas a encarar medidas impopulares e decisões difíceis.
E é assim que você deve reagir quando ver os jornais estampando todas as notícias positivas, mas fazendo malabarismo para não dar o crédito a quem é de direito:
Sob o risco de ser repetitivo: goste do governo Temer ou não, é inegável que ele arrancou o Brasil da crise à forceps. Quer ver mais algumas coisas que o governo atual, que tem pouco mais de 18 meses de duração, fez durante seu tempo de vida? Baixe o relatório do balanço de governo de 2017.

O Econoleigo é um site sem “economês”, para aqueles que não conhecem essa língua. É por mim, Rodrigo Teixeira, alguém até então pouco interessado em números, mas agora fascinado em transformar economia em algo que até eu mesmo consiga compreender.